"Qualquer argumentação filosófica que não tenha como preocupação principal abordar terapeuticamente o sofrimento humano é inútil..."
Epicuro

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

O Longo Caminho Curto e O Curto Caminho Longo: Planejamento

A Cabala nos apresenta um conhecimento muito profundo e útil quando nos fala dos dois caminhos: O Longo Caminho Curto (LCC) e o seu oposto O Curto Caminho Longo (CCL). Eles são mostrados normalmente através de uma encruzilhada onde devemos fazer uma escolha por qual caminho seguir.

O LCC é o caminho que nos parece menos atraente, mas que se preservarmos nele, ele se mostrará mais fácil, mais prazeroso e com segurança nos levará ao nosso objetivo. É um princípio muito importante para o Planejamento Estratégico. Como exemplos de atividades que se baseaim no LCC podemos citar: planejamento estratégico, atividade produtiva, cuidado com o meio ambiente, reciclagem, colaboração, doação entre outras.

Já o CCL apesar de apresentar-se como um atalho para se alcançar objetivos de forma mais rápida, ele  apenas engana os afoitos, inexperientes e os que buscam apenas "levar vantagens", mas no final da jornada não chegarão a lugar nenhum. Como exemplo de atividades que se baseiam no CCL podemos citar: miopia de marketing, especulação financeira, destruição do meio ambiente, individualismo, avareza entre outras.

Vejam os exemplo da água e da corrente elétrica: ambas procuram sempre o caminho de menor resistência, mesmo que seja mais longo, para chegar ao seu objetivo.

Um exemplo prático de planejamento estratégico onde o LCC foi fundamental para o sucesso encontramos no livro "Cem dias entre céu e mar" do Amyr Klink (Ed. Companhia das Letras). Neste livro, o navegador e aventureiro Amyr Klink descreve seu projeto de travessia do Oceano Atlântico (da África ao Brasil) utilizando apenas um barco a remos. É uma aula de planejamento estratégico apresentada de forma muito agradável através da narrativa de toda sua aventura - recomendo a todos sua leitura. A seguir mostro a importância da análise LCC x CCL no livro:

"Para tirar o máximo de proveito das correntes marítimas e dos ventos predominantes no Atlântico Sul, o trajeto a ser percorrido deveria ser determinado com muito cuidado. Os oceanos possuem sistemas de ventos e correntes distintos. E, no caso do Atlântico, essas correntes não possibilitariam que uma embarcação desse porte atravessasse pelo trajeto mais óbvio e curto, no caso de Serra Leoa, na África, ao cabo Calcanhar, no Rio Grande do Norte, uma distância de apenas 1.500 milhas náuticas (CCL). Nesse percurso, o pequeno barco estaria dentro de correntes que o impediriam de avançar na direção oeste e com certeza o levariam de volta à costa da África. Os estudos dos mapas de correntes e ventos do Atlântico Sul indicaram que remar em direção ao Brasil dentro da corrente de Benguela seria mais razoável, pois essa corrente sobe pela costa da África e gira em direção à Ilha de Santa Helena, no meio do Atlântico, juntando-se com a corrente subequatorial que lentamente chega à costa nordeste do Brasil.
Desta forma, seria muito mais provável o sucesso do projeto, pois não haveria a possibilidade de o barco ser empurrado de volta durante a noite, quando não estivesse sendo remado. Esse trajeto seria zarpar do porto de Lüderitz, na Namíbia, passar ao norte da ilha de Santa Helena e alcançar a costa brasileira em Salvador, Bahia, com um percurso total de 3.700 milhas náuticas." (aventurese.ig.com.br/materias/16/1201-1300/1232/1232_01.html). Esta foi a escolha pelo LCC que garantiu o sucesso do Projeto.

Da próxima vez em que tiver que tomar uma decisão sobre que caminho escolher em qualquer área da sua vida, analise com muita cuidado o CCL e naturalmente você verá que o LCC é o caminho natural do viajante.  

"Somos todos viajantes de uma jornada cósmica - poeira de estrelas, girando e dançando nos torvelinhos e redemoinhos do infinito. A vida é eterna. Mas suas expressões são efêmeras, momentâneas, transitórias" - Deepak Chopra

Pense Diferente!




segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Principio de Pareto - Foco


O Princípio de Pareto foi criado no Séc. XIX pelo economista italiano Alfredo Pareto que, ao analisar a sociedade concluiu que grande parte da riqueza se encontrava nas mãos de um número demasiado reduzido de pessoas. Após concluir que este princípio estava válido em muitas áreas da vida cotidiana, estabeleceu o designado método de análise de Pareto, também conhecido como dos 20-80%. Este princípio determina que um pequeno número de causas (geralmente 20%) é responsável pela maioria dos resultados (geralmente 80%).
- 20% dos seus clientes geram 80% do seu faturamento
- 20% dos livros de uma editora são responsáveis por 80% das vendas
- etc.
Esta análise é útil para conseguirmos enxergarmos melhor o que  é importante para podermos focar nossos recursos. Ela pode ser usada em:
  • Planejamento estratégico;
  • Investimentos;
  • Análise de Marketing;
  • Análise de carteira de clientes;
  • Análise para redução de custos.
Um livro que aborda de forma também muito interessante o princípio de Pareto é o “Trabalhe 4 horas por semana” de Timothy Ferriss – editora Planeta. No Capítulo 5 deste livro o autor, sempre de forma direta e original, descreve como este método mudou a sua vida para melhor:
"Quando me deparei com o trabalho de Pareto, eu vinha trabalhando 15 horas por dia, 7 dias por semana...Na manhã seguinte, comecei a dissecar minha empresa e minha vida pessoal sob a ótica de duas perguntas:
Quais os 20% de causas responsáveis por 80% dos meus problemas e de minha infelicidade?

Quais os 20% de causas responsáveis por 80% dos meus resultados positivos e de minha felicidade?”

Quem quiser conhecer formas diferentes de tratar problemas cotidianos deve ler este livro.

Quando paramos para fazer este balanço 80/20 de nossas vidas, seja pessoal ou profissional, sem dúvida descobriremos que estamos gastando o nosso tempo e outros recursos nos objetivos errados. 

Difícil, após esta análise é termos a coragem para fazermos as mudanças necessárias para podermos realmente focar no que é importante. Mas este é assunto para outro dia.

Pense Diferente!

domingo, 27 de novembro de 2011

Marquês de Pombal: Gestão de Crises


Na manhã do feriado do dia de Todos-os-Santos no dia 1 de novembro de 1755 às 9:30hs, iniciou-se um fortíssimo terremoto, que marcou a história de Portugal para sempre.
Este terremoto destruiu quase completamente a cidade de Lisboa. O terremoto foi seguido de um tsunami  que pode ter atingido 20 metros de altura, tendo feito mais de 10 mil mortos (há quem aponte muitos mais).Os geólogos modernos estimam que este terremoto a magnitude 9 na escala de Richter.


Após a catástrofe, o Rei D.José I consulta o então Secretário de Estado dos Negócios
Estrangeiros e da Guerra, o Marquês de Pombal:
O que deveria ser feito?
Que ações deveria tomar?
A sua resposta é de uma lucidez e sabedoria incomum, entrando para a história como um excelente conselho (ou melhor dizendo, método) para gestão de crises
O Marquês de Pombal respondeu:

Sepultar os mortos, cuidar dos vivos e fechar os portos”.

Este conselho aborda as 3 dimensões temporais da crise:
Passado: os mortos
Presente: os vivos
Futuro: os riscos de invasões e saques - fechar os portos – ação necessária para a reconstrução.

Sepultar os mortos significa que não adianta ficar reclamando e chorando o passado. É preciso “sepultar” o passado, tomar total consciência da crise ocorrida e libertar-se dela através do ritual de “sepultar os mortos”.
Muitas pessoas e empresas têm enorme dificuldade em “enterrar os mortos". Note que é importante o ritual do luto e velório, mas sempre com um prazo definido. Passado o momento da crise, lembre-se, a primeira coisa a ser feita é “enterrar os mortos”.


Cuidar dos vivos significa que depois de enterrar o passado, temos que cuidar do presente. Cuidar do que ficou vivo. Cuidar do que sobrou. Fazer o que tiver que ser feito para salvar o que restou após o terremoto. Dar foco ao presente só será possível se tivermos enterrado os mortos, esquecido o passado. Muitas pessoas e empresas não conseguem dar foco ao presente para “cuidar dos vivos".


Fechar os portos significa não deixar as “portas” abertas para que novos problemas (futuro) possam surgir ou “vir de fora” enquanto estamos cuidando dos vivos e salvando o que restou após a crise de nossa vida ou empresa. Significa não permitir que novos problemas nos desviem do cuidar dos vivos”. Fechar os portos também é necessário porque quando você, está passando por um terremoto", seus adversários e inimigos sabem de sua fragilidade e possível desesperança. E aí quererão aproveitar-se de sua fraqueza. Se você deixar seus portos” abertos poderá ter que lutar contra os oportunistas que virão espreitar a sua desgraça. Feche os portos!

Para ilustrar melhor a amplitude do alcance desta estratégia para a gestão de crises nas esferas pessoais e financeiras, usarei o recurso de um mapa mental.
Para quem não conhece, a ferramenta chamada mapa mental (mind map) é um recurso desenvolvido por Tony Buzan (livro Mapa Mentais e suas elaborações – Tony Buzan – ed. Cultrix) para organização de idéias e pensamentos utilizando os 2 lados do cérebro (racional+ artístico).
Vejamos como ficaria um mapa mental para crises pessoais e financeiras:



terça-feira, 15 de novembro de 2011

WU WEI: Não-Ação

Lao Tsé foi um lendário sábio chinês que viveu entre 1400 e 1300 A.C. e é o autor da obra fundamental do Taoísmo: Tao Te Ching (http://www.submarino.com.br/produto/1/179067/tao+te+ching:+o+livro+que+revela+deus) - obra composta por 81 versos. Nos versos 43 e 48, o autor desenvolve o conceito de Wu Wei. Wu pode ser traduzido por não ter; Wei pode ser traduzido por fazer, agir, servir como, governar. O significado literal de Wu Wei pode ser "não ação" e é muitas vezes incluído na expressão paradoxal wei wu wei: "ação pela não ação."
A prática de wu wei tem como objetivo atingir seus objetivos pela "não-ação". Esta "não-ação" é totalmente diferente do imobilismo, da procrastinação, é uma ação muito mais sutil e inteligente baseada num método diferente de pensar a estratégia. Esta forma de agir se consegue através de uma análise profunda da situação somado ao esforço de pensar diferentemente e com criatividade na busca de novas soluções.

Podemos mostrar alguns exemplos práticos onde o Wu Wei foi ou pode ser aplicado:

O Grande Mahatma Ghandi que foi um estudioso do Taoísmo e um admirador do Tao Te Ching, conseguiu vencer a toda-poderosa Inglaterra e obter a independência da India (1947) usando o conceito do Wu Wei.
Pergunta: Como vencer a Inglaterra?
Resposta: Não lutando (movimento de desobediência civil e não violência ). Se ele tivesse decidido lutar contra a Inglaterra, teria perdido, com certeza.
A não violência (não ação) foi a poderosa estratégia que venceu o exército inglês. Este exército  era treinado para vencer os inimigos que atacavam, mas não tinham qualquer ideia de como vencer o povo indiano que não reagia 
Outro exemplo:
Vamos agora imaginar uma situação bem mais próxima do nosso cotidiano:
Suponha que um gerente comercial de uma empresa tenha a missão de atender todos os clientes de uma vasta região geográfica como a região nordeste do Brasil. Como fazer a cobertura desta imensa área?
Qualquer tentativa de se locomover por esta região, terminaria com um baixíssimo resultado e com muitas horas perdidas em aeroportos...
A melhor estratégia é não atender diretamente (não-ação) e delegar para uma rede de distribuidores/revendas espalhadas pela região o atendimento aos clientes. Este gerente comercial passaria a gerenciar os negócios através de uma forma muito mais eficiente e eficaz.
Veja que neste caso é a ação pela delegação de tarefas.
Observem que estratégias de gestão como terceirização, outsourcing, delegação, para citar algumas, são baseadas no Wu Wei.
Portanto antes de sua próxima decisão estratégica seja na área profissional ou pessoal, análise se a "não-ação" não pode ajudá-lo a obter melhores resultados com menor esforço.



Pense Diferente!

domingo, 23 de outubro de 2011

Um Novo Paradigma Industrial

A Superindustrializacao
Na década de 1970 Alvin Toffler detectou com maestria o surgimento da era da superindustrialização (Terceira onda) em seus fabulosos livros: O Choque do Futuro e a Terceira Onda. Em sua análise ele nos mostra que o usos da tecnologia nos processos industriais passou a permitir produções em altíssimo volume, com baixo custo e com possibilidade de diversificação e personalização dos produtos. Estes dois livros, com uma lucidez e atualidade assombrosas, nos trouxeram uma visão otimista do futuro, mas durante estes 40 anos algo saiu errado: a humanidade, como é característico -  acelerou, aperfeiçoou, otimizou e por fim esgotou o modelo econômico - industrial. Isto mesmo, hoje vivemos um claro esgotamento deste modelo.

O Esgotamento do modelo
A superindustrialização com seu binômio grandes volumes + baixo custos, de todo tipo de produtos, até aqueles que nem sabíamos que necessitávamos, nos causou o primeiro e mais claro efeito colateral indesejável: o profundo desequilíbrio ecológico. Enquanto a equação produto novo mais barato que consertar o atual for verdadeira, teremos o meio ambiente pagando o preço desta distorção mercadológica...
O segundo sinal do claro esgotamento é a forte concentração de renda e o desemprego que estamos observando nos países desenvolvidos. Estamos vivenciando uma “ocupação de Wall Street” em protesto contra o desemprego e o lucro excessivo dos bancos - quem poderia imaginar, alguns anos atrás  um protesto em Wall Street contra lucros...
Um terceiro sinal, este muito mais sutil, é um crescente vazio existencial somado a uma baixa auto-estima. Estes sintomas são fruto em parte  desta era do efêmero que estamos vivenciando onde as pessoas são medidas pelo modelo do celular que carregam no bolso e que se renovam a cada 3 meses. O desemprego em alta (no caso dos países desenvolvidos) também contribui para o aumento da insatisfação pessoal. Podemos também citar a busca de lucros/bonus astrônomicos bem como o aumento das fraudes corporativas e casos de corrupção como uma clássica busca de compensação do vazio existencial através do dinheiro - uma busca sem fim...



Uma Proposta de Mudança
Com estes claros sinais do esgotamento do paradigma atual, resta-nos buscar algum novo modelo que corrija as distorções do anterior e que possa ser implementado de uma forma gradual, com uma transição o mais suave possível.
Partindo destas premissas, imaginemos um cenário onde os produtos industriais fossem pojetados e produzidos incorporando uma característica que faria uma grande diferença: os produtos seriam projetados para serem desmontados e consertados após sua “primeira vida útil”.
Tentarei explicar melhor com um exemplo: Imagine um celular (smartphone) novo que após 1 ano apresentou um problema e o seu proprietário decidiu trocá-lo por um novo modelo.
O cliente retornaria a loja onde comprou o equipamento, entrega o equipamento com defeito como parte do pagamento, paga a diferença e sai com o novo equipamento.
O equipamento com defeito ao invés de ser sucateado iria para uma linha de desmontagem (+ empregos) que, com processos de alta tecnologia (+ empregos de especialistas em processos industriais), desmontariam o equipamento e separariam as peças e partes em bom estado, que iriam para um mercado secundário de reposição/conserto de equipamentos, enquanto as peças defeituosas iriam para a reciclagem.
Computadores pessoais poderiam ser reprojetados - hardware e sistema operacionais para crescerem modularmente (como já são os servidores corporativos) o que evitaria (ou diminuiria) a obsolescência programada e abriria novos horizontes para empreendedores neste tão vigoroso segmento de indústria.
Neste novo paradigma, com eletrodomesticos, computadores, celulares, games e brinquedos projetados para serem desmontados e consertados, viveríamos uma grande necessidade de mão de obra qualificada e treinada para fazer os reparos nos equipamentos - seria o surgimento dos artesãos de alta tecnologia (+ empregos + empreendedores).
Notem que esta mudança do modelo industrial poderia minimizar o desequilíbrio ecológico, bem como criar novos empregos e novas oportunidades para empreendedores.
Se expandirmos este conceito dos artesãos de alta tecnologia para outros seguimentos poderíamos ter por exemplo:
Artesãos mecânicos automobilísticos, artesãos de couro, marceneiros, carpinteiros e muitos outros tipos de artesãos.
Este ressurgimento dos artesãos geraria como efeito complementar um aumento do nível de auto-estima e realização profissional devido ao fato do artesão dominar todo o processo e poder ver o produto final de seu trabalho. Quem já consertou um brinquedo de uma criança sabe qual é esta sensação...

Como Começar
Os grandes mercados consumidores de produtos industrializados (EUA e Europa) deveriam criar  centros de pesquisas e institutos certificadores que criassem procedimentos e processos padrões para a industria garantir a possibilidade de conserto e desmontagem dos produtos. Estes produtos teriam selos de conformidade que garantiriam a aderência a estes processos e características.
Campanhas publicitárias para explicar à população a importância de produtos com estas certificações seriam importantes para acelerar conscientização dos mercados consumidores.
Impostos adicionais para produtos sem certificações para ajudar a equalização de preços ajudaria a acelerar o processo de transição da indústria para os novos processos.
Notem que neste modelo, não precisamos jogar dinheiro a “fundo perdido” em nenhum banco (como se está discutindo agora na reunião do G20), apenas focar esforços em processos produtivos inteligentes que produzam riquezas, com geração de empregos e de forma equilibrada