Depois de ler o livro "Os Limites do Possível" do André Lara Resende e ver o documentário "A Conspiração da Lampada Elétrica" de Cosima Dannoritzer, decidi reescrever esta postagem:
A Superindustrializacao
Na década de 1970 Alvin Toffler detectou com maestria o surgimento da era da superindustrialização (Terceira onda) em seus fabulosos livros: O Choque do Futuro e a Terceira Onda. Em sua análise ele nos mostra que o usos da tecnologia nos processos industriais passou a permitir produções em altíssimo volume, com baixo custo e com possibilidade de diversificação e personalização dos produtos. Estes dois livros, com uma lucidez e atualidade assombrosas, nos trouxeram uma visão otimista do futuro, mas durante estes 40 anos algo saiu errado: a humanidade, como é característico - acelerou, aperfeiçoou, otimizou e por fim esgotou o modelo econômico - industrial. Isto mesmo, hoje vivemos um claro esgotamento deste modelo.
O Esgotamento do modelo
A superindustrialização com seu trinômio grandes volumes + baixo custos + obsolescência programada, de todo tipo de produtos, até aqueles que nem sabíamos que necessitávamos, nos causou o primeiro e mais claro efeito colateral indesejável: o profundo desequilíbrio ecológico. Enquanto a equação produto novo mais barato que consertar o atual for verdadeira, teremos o meio ambiente pagando o preço desta distorção mercadológica...
O segundo sinal do claro esgotamento é a forte concentração de renda e o desemprego que estamos observando nos países desenvolvidos. Estamos vivenciando uma “ocupação de Wall Street” em protesto contra o desemprego e o lucro excessivo dos bancos - quem poderia imaginar, alguns anos atrás um protesto em Wall Street contra lucros...
Um terceiro sinal, este muito mais sutil, é um crescente vazio existencial somado a uma baixa auto-estima. Estes sintomas são fruto em parte desta era do efêmero que estamos vivenciando onde as pessoas são medidas pelo modelo do celular que carregam no bolso e que se renovam a cada 3 meses. O desemprego em alta (no caso dos países desenvolvidos) também contribui para o aumento da insatisfação pessoal. Podemos também citar a busca de lucros/bônus astronômicos bem como o aumento das fraudes corporativas e casos de corrupção como uma clássica busca de compensação do vazio existencial através do dinheiro - uma busca sem fim...
Uma Proposta de Mudança - a substituição da obsolescência programada pela reciclagem profissional
Com estes claros sinais do esgotamento do paradigma atual, resta-nos buscar algum novo modelo que corrija as distorções do anterior e que possa ser implementado de uma forma gradual, com uma transição o mais suave possível.
Partindo destas premissas, imaginemos um cenário onde os produtos industriais fossem projetados e produzidos incorporando uma característica que faria uma grande diferença: os produtos seriam projetados para serem desmontados e consertados após sua “primeira vida útil”.
Tentarei explicar melhor com um exemplo: Imagine um celular (smart phone) novo que após 1 ano apresentou um problema e o seu proprietário decidiu trocá-lo por um novo modelo.
O cliente retornaria a loja onde comprou o equipamento, entrega o equipamento com defeito como parte do pagamento, paga a diferença e sai com o novo equipamento.
O equipamento com defeito ao invés de ser sucateado iria para uma linha de desmontagem (+ empregos) que, com processos de alta tecnologia (+ empregos de especialistas em processos industriais), desmontariam o equipamento e separariam as peças e partes em bom estado, que iriam para um mercado secundário de reposição/conserto de equipamentos, enquanto as peças defeituosas iriam para a reciclagem.
Computadores pessoais poderiam ser reprojetados - hardware e sistema operacionais para crescerem modularmente (como já são os servidores corporativos) o que evitaria (ou diminuiria) a obsolescência programada e abriria novos horizontes para empreendedores neste tão vigoroso segmento de indústria.
Neste novo paradigma, com eletrodomésticos, computadores, celulares, games, brinquedos
Se expandirmos este conceito dos artesãos de alta tecnologia para outros seguimentos poderíamos ter por exemplo:
Na década de 1970 Alvin Toffler detectou com maestria o surgimento da era da superindustrialização (Terceira onda) em seus fabulosos livros: O Choque do Futuro e a Terceira Onda. Em sua análise ele nos mostra que o usos da tecnologia nos processos industriais passou a permitir produções em altíssimo volume, com baixo custo e com possibilidade de diversificação e personalização dos produtos. Estes dois livros, com uma lucidez e atualidade assombrosas, nos trouxeram uma visão otimista do futuro, mas durante estes 40 anos algo saiu errado: a humanidade, como é característico - acelerou, aperfeiçoou, otimizou e por fim esgotou o modelo econômico - industrial. Isto mesmo, hoje vivemos um claro esgotamento deste modelo.
O Esgotamento do modelo
A superindustrialização com seu trinômio grandes volumes + baixo custos + obsolescência programada, de todo tipo de produtos, até aqueles que nem sabíamos que necessitávamos, nos causou o primeiro e mais claro efeito colateral indesejável: o profundo desequilíbrio ecológico. Enquanto a equação produto novo mais barato que consertar o atual for verdadeira, teremos o meio ambiente pagando o preço desta distorção mercadológica...
O segundo sinal do claro esgotamento é a forte concentração de renda e o desemprego que estamos observando nos países desenvolvidos. Estamos vivenciando uma “ocupação de Wall Street” em protesto contra o desemprego e o lucro excessivo dos bancos - quem poderia imaginar, alguns anos atrás um protesto em Wall Street contra lucros...
Um terceiro sinal, este muito mais sutil, é um crescente vazio existencial somado a uma baixa auto-estima. Estes sintomas são fruto em parte desta era do efêmero que estamos vivenciando onde as pessoas são medidas pelo modelo do celular que carregam no bolso e que se renovam a cada 3 meses. O desemprego em alta (no caso dos países desenvolvidos) também contribui para o aumento da insatisfação pessoal. Podemos também citar a busca de lucros/bônus astronômicos bem como o aumento das fraudes corporativas e casos de corrupção como uma clássica busca de compensação do vazio existencial através do dinheiro - uma busca sem fim...
Uma Proposta de Mudança - a substituição da obsolescência programada pela reciclagem profissional
Com estes claros sinais do esgotamento do paradigma atual, resta-nos buscar algum novo modelo que corrija as distorções do anterior e que possa ser implementado de uma forma gradual, com uma transição o mais suave possível.
Partindo destas premissas, imaginemos um cenário onde os produtos industriais fossem projetados e produzidos incorporando uma característica que faria uma grande diferença: os produtos seriam projetados para serem desmontados e consertados após sua “primeira vida útil”.
Tentarei explicar melhor com um exemplo: Imagine um celular (smart phone) novo que após 1 ano apresentou um problema e o seu proprietário decidiu trocá-lo por um novo modelo.
O cliente retornaria a loja onde comprou o equipamento, entrega o equipamento com defeito como parte do pagamento, paga a diferença e sai com o novo equipamento.
O equipamento com defeito ao invés de ser sucateado iria para uma linha de desmontagem (+ empregos) que, com processos de alta tecnologia (+ empregos de especialistas em processos industriais), desmontariam o equipamento e separariam as peças e partes em bom estado, que iriam para um mercado secundário de reposição/conserto de equipamentos, enquanto as peças defeituosas iriam para a reciclagem.
Computadores pessoais poderiam ser reprojetados - hardware e sistema operacionais para crescerem modularmente (como já são os servidores corporativos) o que evitaria (ou diminuiria) a obsolescência programada e abriria novos horizontes para empreendedores neste tão vigoroso segmento de indústria.
Neste novo paradigma, com eletrodomésticos, computadores, celulares, games, brinquedos
e automóveis projetados para serem desmontados e consertados,
viveríamos uma grande necessidade de mão de obra qualificada e treinada parafazer os reparos nos equipamentos - seria o surgimento dos artesãos de altatecnologia (+ empregos + empreendedores).Se expandirmos este conceito dos artesãos de alta tecnologia para outros seguimentos poderíamos ter por exemplo:
Notem que esta mudança de modelo industrial poderia minimizar o desequilíbrio ecológico, bem como criar novos empregos e novas oportunidades para empreendedores.
Artesãos mecânicos automobilísticos, artesãos de couro, marceneiros, carpinteiros e muitos outros tipos de artesãos.
Este ressurgimento dos artesãos geraria como efeito complementar um aumento do nível de auto-estima e realização profissional devido ao fato do artesão dominar todo o processo e poder ver o produto final de seu trabalho. Quem já consertou um brinquedo de uma criança sabe qual é esta sensação...
Como Começar
Os grandes mercados consumidores de produtos industrializados (EUA e Europa) deveriam criar centros de pesquisas e institutos certificadores que criassem procedimentos e processos padrões para a industria garantir a possibilidade de conserto e desmontagem dos produtos. Estes produtos teriam selos de conformidade que garantiriam a aderência a estes processos e características.
Campanhas publicitárias para explicar à população a importância de produtos com estas certificações seriam importantes para acelerar conscientização dos mercados consumidores.
Impostos adicionais para produtos sem certificações para ajudar a equalização de preços ajudaria a acelerar o processo de transição da indústria para os novos processos.
Notem que precisamos focar esforços em processos produtivos inteligentes que produzam riquezas, com geração de empregos e de forma equilibrada e muito mais auto-sustentável.
Este ressurgimento dos artesãos geraria como efeito complementar um aumento do nível de auto-estima e realização profissional devido ao fato do artesão dominar todo o processo e poder ver o produto final de seu trabalho. Quem já consertou um brinquedo de uma criança sabe qual é esta sensação...
Como Começar
Os grandes mercados consumidores de produtos industrializados (EUA e Europa) deveriam criar centros de pesquisas e institutos certificadores que criassem procedimentos e processos padrões para a industria garantir a possibilidade de conserto e desmontagem dos produtos. Estes produtos teriam selos de conformidade que garantiriam a aderência a estes processos e características.
Campanhas publicitárias para explicar à população a importância de produtos com estas certificações seriam importantes para acelerar conscientização dos mercados consumidores.
Impostos adicionais para produtos sem certificações para ajudar a equalização de preços ajudaria a acelerar o processo de transição da indústria para os novos processos.
Notem que precisamos focar esforços em processos produtivos inteligentes que produzam riquezas, com geração de empregos e de forma equilibrada e muito mais auto-sustentável.
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